2013, o poder econômico das grandes gravadoras e as execuções massivas e concentradas nas rádios.
Estive observando a listagem das músicas mais executadas medidas pela Crowley, referente ao ano corrente, e constatei algo que eu já havia percebido no decorrer de 2013: a concentração de execução de certas músicas em algumas rádios localizadas (e estrategicamente escolhidas) fez com que canções que não atingiram o sucesso em todo o território nacional, aparecessem nas primeiras posições da lista de 2013. Isto é fácil de explicar. Basta que se concentre a execução das músicas em rádios monitoradas por tal empresa, para que "o fenômeno" aconteça. Duvida?
Não vou citar artista "A" ou "B" para que não haja constrangimentos, mas basta observar a nossa listagem que você detectará saudáveis diferenças. Obviamente que a prática não é nova, mas em 2013 tenho a sensação que a coisa passou dos limites. Percebe-se um poderio econômico de certos grupos e gravadoras nunca antes visto. Chegou-se ao ponto de ocorrer um proposital estrangulamento do rock nacional nas rádios do país, que desapareceu completamente da programação das rádios populares, como se as pessoas não devessem mais ouvir tal estilo.
Nada disso é por acaso. Aliás, quando se trata deste mercado, não existe acaso, jamais. Voltando ao tema, vamos fazer uma demonstração em números sobre a possibilidade de execução de uma música. Digamos que durante 10 meses, ela teve uma média diária de 4 execuções, por dia, em determinada emissora (tem situações que a música toca até 10 vezes por dia, no auge do sucesso - portanto vamos adotar uma média razoável). Têm-se aproximadamente 120 execuções por mês, vezes 10 meses, resultando em 1.200 execuções no ano, somente em uma emissora. Logo, 20 emissoras mantendo o mesmo padrão da nossa hipótese dão 24.000 execuções, no ano, para uma determinada música. A conclusão, você mesmo pode tirar. Basta juntar as rádios de Goiânia e região com as de Ribeirão Preto e região, por exemplo, para que uma determinada música apareça entre as mais executadas no ano, no país. O que é perfeitamente questionável, já que o universo avaliado não representa quase nada, em termos de Brasil...
Bem, ano que vem teremos novos serviços de monitoramento, em tempo real, de rádios no país e a realidade pode mudar (e muito), se as empresas novas que estão se propondo a fazê-lo realmente divulguem o que está sendo tocado, bem como a audiência atingida por cada canção (igual é feito nas rádios norte-americanas). Mas, até que essa realidade mude, vamos continuar fazendo nosso serviço paralelo de observação, tentando ser o mais útil possível para as emissoras de rádio que do nosso trabalho dependem.
Por fim, ano que vem espera-se que o Rádio tome um rumo mais independente e passe a valorizar vários segmentos da música nacional, caso contrário virarão uma grande rede nacional de um único estilo, o que é muito prejudicial para o meio artístico nacional. Que em 2014 tenhamos bons sons!